sábado, 24 de maio de 2008

[The best albums] - 2º Imaginations from the other side (Blind Guardian)

A despeito de toda a crítica em torno da temática baseada em histórias de fantasia medieval das bandas de power metal, eu acho que esses temas fornecem material muito rico para a música. O Blind Guardian não só é a banda que leva isso mais a sério como também foi praticamente a pioneira a trazer nas letras de suas músicas temas de histórias conhecidas. O resultado desse pioneirismo é um estilo de música singular, peculiar à banda, que ao longo do tempo teve grande evolução e encontrou o seu ápice nesse lançamento de 1995.

Em Imaginations from the other side a banda decidiu celebrar sua maturidade musical com uma reflexão exatamente sobre isso: a influência e o valor de histórias de fantasia em suas vidas. E a fórmula para isso foi homenagear as principais e mais marcantes histórias da literatura. Tudo isso sintetizado magistralmente na faixa-título que inicia o álbum. Peter Pan, O Senhor dos Anéis, Rei Arthur e os Cavaleiros da távola redonda, Alice no País das Maravilhas entre outras histórias são citadas pra demonstrar o quanto personagens tão ricos ficam marcados em nossas mentes, mesmo depois de acabarmos de acompanhar suas sagas. É uma canção que mais do que falar sobre isso, encarna o espírito daquilo que é cantado insanamente por Hansi Kursch. Muitos backing vocals, ritmos lentos e mais rápidos alternados e um refrão pra cantar com os punhos erguidos.

I'm alive dá seqüência com um estilão mais às antigas. Bumbo duplo, "mão na caixa" em um ritmo alucinante. Essa música apresenta duas características que são marcantes e muito específicas no Blind Guardian. Uma quebrada de ritmo no bridge que é sensacional, e um refrão quase interminável que vai se "alargando". E olha que essa é uma das "piorzinhas" do álbum. A past and future secret é mais uma daquelas canções, também peculiares ao BG, que é feita para os bardos canterem nas tavernas. Velas ao vento em uma canção muito bonita, provavelmente contando algo sobre a história de Kamelot.

Então, eles decidem falar mais um pouco dessa história, sob uma ótica mais "real". The script for my réquiem é provavelmente a melhor música do BG, em uma performance apoteótica de Hansi Kursch no vocal. Um ritmo alucinante e um refrão inesquecível e marcante. Eu tinha uma idéia equivocada sobre a letra dessa música. Aparentemente é a visão dos cruzados em busca do santo graal, descrita de uma forma bastante espiritualizada.

Falei em personagens ricos? Modred, nascido do seio de um amor impossível, entre inveja e ódio. Tem que ser muito bom para fazer uma canção digna desse personagem. Eles conseguem a proeza, em uma balada com um refrão "de chorar": Modred's Song.

Born in a mourning hall
é mais uma pancada, extremamente rápida, bateria e guitarras inspiradas. Bright Eyes fala (provavelmente) novamente sobre Modred. É também muito bonita e carregada de feeling, e, apesar disto, ainda se junta a I'm alive como uma das "fraquinhas". Em Another Holy War eles decidem falar sobre o fanatismo religioso. Aquele tipo de música rápida, que consegue um efeito que eu só vejo no power metal. Que é uma bateria tão rápida, que ela fica como um tapete (ou um pano de fundo) para a melodia, que desfila em cima da bateria "mão na caixa". Quebrada no refrão, backing vocals e tudo que uma música do BG merece.

Sabe aquela sensação de quando vc acabou de acompanhar uma história muito boa? Quando dá vontade de esquecer tudo q vc leu e começar a ler de novo? Pois é, eles conseguiram "enfiar" isso em uma música, que me dá arrepio só de pensar. And the Story Ends é uma obra-prima que fala sobre o aparente fim das histórias, do álbum, de coisas boas na vida. É indescritível e um final primoroso para esse grande trabalho.

Um álbum que consegue primorosamente encarnar um dos sentimentos mais legais na vida, não poderia dar em outra: 2º lugar pra ele! Obra obrigatória para qualquer amante do heavy metal e de histórias de fantasia medieval.

And the Story Ends...

2 comentários:

Marcelo Francesco disse...

I've lost my battle before I've started
My first breath wasn't done....

Faltou dizer q Bright Eyes é conhecida como a "música queridinha" do público brasileiro.. apesar deu achar ela mediana no álbum !!!

E faltou comentar que o Mordred está relacionado com a história do Arthur, Kamelot e etc...

E... enfim... esse álbum não é feito de faltas, mas sim de preenchimentos.. do caralho!!!

Felipe Francesco disse...

Caraca Long!! Muito boa essa..."não é um álbum de faltas, mas de preenchimentos"..perfeito, é isso mesmo!