A despeito de toda a crítica em torno da temática baseada em histórias de fantasia medieval das bandas de power metal, eu acho que esses temas fornecem material muito rico para a música. O Blind Guardian não só é a banda que leva isso mais a sério como também foi praticamente a pioneira a trazer nas letras de suas músicas temas de histórias conhecidas. O resultado desse pioneirismo é um estilo de música singular, peculiar à banda, que ao longo do tempo teve grande evolução e encontrou o seu ápice nesse lançamento de 1995.
Em Imaginations from the other side a banda decidiu celebrar sua maturidade musical com uma reflexão exatamente sobre isso: a influência e o valor de histórias de fantasia em suas vidas. E a fórmula para isso foi homenagear as principais e mais marcantes histórias da literatura. Tudo isso sintetizado magistralmente na faixa-título que inicia o álbum. Peter Pan, O Senhor dos Anéis, Rei Arthur e os Cavaleiros da távola redonda, Alice no País das Maravilhas entre outras histórias são citadas pra demonstrar o quanto personagens tão ricos ficam marcados em nossas mentes, mesmo depois de acabarmos de acompanhar suas sagas. É uma canção que mais do que falar sobre isso, encarna o espírito daquilo que é cantado insanamente por Hansi Kursch. Muitos backing vocals, ritmos lentos e mais rápidos alternados e um refrão pra cantar com os punhos erguidos.
I'm alive dá seqüência com um estilão mais às antigas. Bumbo duplo, "mão na caixa" em um ritmo alucinante. Essa música apresenta duas características que são marcantes e muito específicas no Blind Guardian. Uma quebrada de ritmo no bridge que é sensacional, e um refrão quase interminável que vai se "alargando". E olha que essa é uma das "piorzinhas" do álbum. A past and future secret é mais uma daquelas canções, também peculiares ao BG, que é feita para os bardos canterem nas tavernas. Velas ao vento em uma canção muito bonita, provavelmente contando algo sobre a história de Kamelot.
Então, eles decidem falar mais um pouco dessa história, sob uma ótica mais "real". The script for my réquiem é provavelmente a melhor música do BG, em uma performance apoteótica de Hansi Kursch no vocal. Um ritmo alucinante e um refrão inesquecível e marcante. Eu tinha uma idéia equivocada sobre a letra dessa música. Aparentemente é a visão dos cruzados em busca do santo graal, descrita de uma forma bastante espiritualizada.
Falei em personagens ricos? Modred, nascido do seio de um amor impossível, entre inveja e ódio. Tem que ser muito bom para fazer uma canção digna desse personagem. Eles conseguem a proeza, em uma balada com um refrão "de chorar": Modred's Song.
Born in a mourning hall é mais uma pancada, extremamente rápida, bateria e guitarras inspiradas. Bright Eyes fala (provavelmente) novamente sobre Modred. É também muito bonita e carregada de feeling, e, apesar disto, ainda se junta a I'm alive como uma das "fraquinhas". Em Another Holy War eles decidem falar sobre o fanatismo religioso. Aquele tipo de música rápida, que consegue um efeito que eu só vejo no power metal. Que é uma bateria tão rápida, que ela fica como um tapete (ou um pano de fundo) para a melodia, que desfila em cima da bateria "mão na caixa". Quebrada no refrão, backing vocals e tudo que uma música do BG merece.
Sabe aquela sensação de quando vc acabou de acompanhar uma história muito boa? Quando dá vontade de esquecer tudo q vc leu e começar a ler de novo? Pois é, eles conseguiram "enfiar" isso em uma música, que me dá arrepio só de pensar. And the Story Ends é uma obra-prima que fala sobre o aparente fim das histórias, do álbum, de coisas boas na vida. É indescritível e um final primoroso para esse grande trabalho.
Um álbum que consegue primorosamente encarnar um dos sentimentos mais legais na vida, não poderia dar em outra: 2º lugar pra ele! Obra obrigatória para qualquer amante do heavy metal e de histórias de fantasia medieval.
And the Story Ends...
sábado, 24 de maio de 2008
quinta-feira, 15 de maio de 2008
[The best albums] - 3º Keeper of the seven keys part. II (Helloween)
Por mais que muitos queiram, entrar para a história é coisa para poucos. E, com esse trabalho (e o anterior), o Helloween é um dos poucos no meio do heavy metal que conseguiu deixar sua marca para o estilo.
Muito se engana aquele que pensa que é um exagero. Mesmo que aqui no Brasil a banda não seja uma das mais famosas quando se fala de rock'n'roll, quando o assunto é heavy metal se aproxima da unanimidade. Além disso, na Europa, principalmente na Alemanha, onde eles são muito mais que só mais uma banda de heavy metal. E mesmo aqui no Brasil, poucas são as bandas do estilo que conseguem quase unanimidade de apreço entre aqueles que curtem o estilo, e mesmo entre alguns que mal o conhecem. Com essas características, eu só conheço o Iron Maiden que, convenhamos, é o Iron Maiden.
Tudo isso, fruto dos trabalhos sob a alcunha Keeper of the seven keys. Quando Kai Hansen e Michael Weikath chamaram, sem dúvida alguma em um período de bem-aventurança, o garoto Michael Kiske para os vocais, viabilizaram a produção de um trabalho que conseguiu explorar ao máximo um estilo com o qual eles já flertavam no álbum anterior (Walls of Jericho). Por fim, decidiram separá-lo em dois, já que era coisa boa demais para um álbum só. E, apesar de o primeiro de 1987 ser excelente, deixaram o melhor para o segundo. Um desfile de clássicos, verdadeiras aulas de heavy metal que viriam a inspirar e ainda inspirarão gerações.
Invitation é um nome perfeito para o começo. Literalmente convoca o ouvinte para o show em um estilo a la desfile cívico estado-unidense. Na rabeira, Eagle Fly Free já mostra de cara a cara do que é o Power Metal. Bumbo duplo e um ritmo de voz que descamba em um refrão de tom altíssimo e melodia grudenta. Um marco na música moderna, com uma atuação primorosa de Kiske.
You always walk alone é a tentativa de nosso amigo Kiske de marcar presença na composição. Não consegue, por sorte o cara canta pra burro (tentarei a partir de agora parar de elogiar a performance vocal do cara, a menos que isso seja imprescindível), não é uma música ruim, mas é totalmente dispensável. Rise and Fall é o "Happy Helloween" que faria tanto sucesso, um refrão muito gostoso.
Dr. Stein é mais um super clássico. Uma história divertidíssima, muito bem contada, em uma música que abre várias alternativas vocais diferentes e muito boas. Eu não me canso de ouvi-la e cantar um dos refrãos mais incríveis que tem. We Got the Right é uma baladinha mais ou menos, em que Kiske exagera nos tons altos. Chega a ser cansativo.
Save Us é uma música bem legal, com backing vocals muito bem colocados e um ritmo diferente. March of Time é "só" mais um fenômeno. E agora, não dá pra omitir a presença vocal marcante e emocionante de Michael Kiske, acompanhado dos backing vocals, canta um refrão daqueles que dá vontade de levantar as mãos pros céus. Não à toa é uma reflexão simplista (mas não reducionista) sobre vida e morte, e passa a idéia com uma maestria raríssima.
Quantos clássicos eu já citei? Pois é, talvez o maior deles seja I Want Out, quase um hino reacionário aos modelos ortodoxos educacionais e culturais e aos padrões politicamente corretos. Guitarras sensacionais, ritmo quebrado, é alegria certa em qualquer show de metal. Nunca vi alguém que não gostasse dessa música.
Keeper of the Seven Keys fecha a "trilogia" com chave de ouro. Aliás, com SETE chaves de ouro. Uma balada crescente de nada menos que 13 minutos e poucos que não cansa. Refrão marcante e histórico em uma canção épica, e sem dúvida um referência para todas as outras de mesmo adjetivo.
O auge de uma banda é quando ela consegue reunir um grupo de compositores no ápice da inspiração e da vontade junto com músicos que fazem a diferença. Um trabalho que conseguiu reunir um vocalista indiscutivelmente diferenciado e com uma das maiores tecituras vocais da música popular que já vi (Michael Kiske), o pai do melódico/power metal e um dos melhores guitarristas do estilo (Kai Hansen), e um dos mais habilidosos e regulares compositores de "happy metal" (Michael Weikath) não poderia ser diferente. Essa reunião não voltaria a acontecer (integralmente) e provavelmente nunca mais acontecerá. Porém, é só dar uma olhada no que foi feito por esses caras depois desse trabalho para ver que o que fizeram junto não poderia ser só mais um bom trabalho.
Esse álbum é, definitivamente, um clássico, pioneiro e atemporal. Trabalho que continuará a arrebanhar fãs ao redor do mundo para o heavy metal e, claro, para o Helloween.
Clipe Tosco, mas divertido: I Want Out
Obs1: Como se não bastasse, ainda tem as b-sides Savage e Livin' ain't no Crime, que têm potencial para ser música de trabalho de qualquer banda, inclusive em muitos álbuns do próprio Helloween.
Obs2: Keeper II em 3º?? Carai....com o 2º até eu me surpreendi.
Obs3: Last but not least, Mr. Ingo Schwichtenberg e Markus Grosskopf evidentemente fazem um grande trabalho e têm participação significativa no resultado final. Porém, inegavelmente, é a genialidade dos guitarristas e do vocalista que tornam o trabalho o que ele é.
Muito se engana aquele que pensa que é um exagero. Mesmo que aqui no Brasil a banda não seja uma das mais famosas quando se fala de rock'n'roll, quando o assunto é heavy metal se aproxima da unanimidade. Além disso, na Europa, principalmente na Alemanha, onde eles são muito mais que só mais uma banda de heavy metal. E mesmo aqui no Brasil, poucas são as bandas do estilo que conseguem quase unanimidade de apreço entre aqueles que curtem o estilo, e mesmo entre alguns que mal o conhecem. Com essas características, eu só conheço o Iron Maiden que, convenhamos, é o Iron Maiden.
Tudo isso, fruto dos trabalhos sob a alcunha Keeper of the seven keys. Quando Kai Hansen e Michael Weikath chamaram, sem dúvida alguma em um período de bem-aventurança, o garoto Michael Kiske para os vocais, viabilizaram a produção de um trabalho que conseguiu explorar ao máximo um estilo com o qual eles já flertavam no álbum anterior (Walls of Jericho). Por fim, decidiram separá-lo em dois, já que era coisa boa demais para um álbum só. E, apesar de o primeiro de 1987 ser excelente, deixaram o melhor para o segundo. Um desfile de clássicos, verdadeiras aulas de heavy metal que viriam a inspirar e ainda inspirarão gerações.
Invitation é um nome perfeito para o começo. Literalmente convoca o ouvinte para o show em um estilo a la desfile cívico estado-unidense. Na rabeira, Eagle Fly Free já mostra de cara a cara do que é o Power Metal. Bumbo duplo e um ritmo de voz que descamba em um refrão de tom altíssimo e melodia grudenta. Um marco na música moderna, com uma atuação primorosa de Kiske.
You always walk alone é a tentativa de nosso amigo Kiske de marcar presença na composição. Não consegue, por sorte o cara canta pra burro (tentarei a partir de agora parar de elogiar a performance vocal do cara, a menos que isso seja imprescindível), não é uma música ruim, mas é totalmente dispensável. Rise and Fall é o "Happy Helloween" que faria tanto sucesso, um refrão muito gostoso.
Dr. Stein é mais um super clássico. Uma história divertidíssima, muito bem contada, em uma música que abre várias alternativas vocais diferentes e muito boas. Eu não me canso de ouvi-la e cantar um dos refrãos mais incríveis que tem. We Got the Right é uma baladinha mais ou menos, em que Kiske exagera nos tons altos. Chega a ser cansativo.
Save Us é uma música bem legal, com backing vocals muito bem colocados e um ritmo diferente. March of Time é "só" mais um fenômeno. E agora, não dá pra omitir a presença vocal marcante e emocionante de Michael Kiske, acompanhado dos backing vocals, canta um refrão daqueles que dá vontade de levantar as mãos pros céus. Não à toa é uma reflexão simplista (mas não reducionista) sobre vida e morte, e passa a idéia com uma maestria raríssima.
Quantos clássicos eu já citei? Pois é, talvez o maior deles seja I Want Out, quase um hino reacionário aos modelos ortodoxos educacionais e culturais e aos padrões politicamente corretos. Guitarras sensacionais, ritmo quebrado, é alegria certa em qualquer show de metal. Nunca vi alguém que não gostasse dessa música.
Keeper of the Seven Keys fecha a "trilogia" com chave de ouro. Aliás, com SETE chaves de ouro. Uma balada crescente de nada menos que 13 minutos e poucos que não cansa. Refrão marcante e histórico em uma canção épica, e sem dúvida um referência para todas as outras de mesmo adjetivo.
O auge de uma banda é quando ela consegue reunir um grupo de compositores no ápice da inspiração e da vontade junto com músicos que fazem a diferença. Um trabalho que conseguiu reunir um vocalista indiscutivelmente diferenciado e com uma das maiores tecituras vocais da música popular que já vi (Michael Kiske), o pai do melódico/power metal e um dos melhores guitarristas do estilo (Kai Hansen), e um dos mais habilidosos e regulares compositores de "happy metal" (Michael Weikath) não poderia ser diferente. Essa reunião não voltaria a acontecer (integralmente) e provavelmente nunca mais acontecerá. Porém, é só dar uma olhada no que foi feito por esses caras depois desse trabalho para ver que o que fizeram junto não poderia ser só mais um bom trabalho.
Esse álbum é, definitivamente, um clássico, pioneiro e atemporal. Trabalho que continuará a arrebanhar fãs ao redor do mundo para o heavy metal e, claro, para o Helloween.
Clipe Tosco, mas divertido: I Want Out
Obs1: Como se não bastasse, ainda tem as b-sides Savage e Livin' ain't no Crime, que têm potencial para ser música de trabalho de qualquer banda, inclusive em muitos álbuns do próprio Helloween.
Obs2: Keeper II em 3º?? Carai....com o 2º até eu me surpreendi.
Obs3: Last but not least, Mr. Ingo Schwichtenberg e Markus Grosskopf evidentemente fazem um grande trabalho e têm participação significativa no resultado final. Porém, inegavelmente, é a genialidade dos guitarristas e do vocalista que tornam o trabalho o que ele é.
terça-feira, 6 de maio de 2008
[The best albums] - 4º Temple of Shadows (Angra)
Colocar esse álbum em 4º lugar?? Sem dúvida, essa foi uma decisão muito difícil. Não porque devesse estar mais atrás, aliás pelo contrário, deveria estar mais à frente!! Por um bom tempo achei que seria o primeiro...
Poucos de bom-senso duvidam da qualidade musical dessa banda, que demonstrou desde cedo que tinha músicos e compositores diferenciados. E não somente pela fórmula "música brasileira + heavy metal", mas pela forma como fazem música, que demonstrou que era sim possível fazer um heavy metal muito bom tecnicamente, empolgante e que tivesse influências de música erudita e nacional.
Em 2004, após o estrondoso sucesso de Rebirth (2001) a nova formação não precisava provar nada pra ninguém. Com experiência e vontade de sobra estava tudo preparado para um grande trabalho. Una-se a isso a vontade de nosso amigo Rafael Bittencourt em empreender sua cruzada filosófica. O resultado é um álbum conceitual repleto de tudo o que o heavy metal é capaz de produzir de melhor.
Lembro-me que minha primeira audição foi imediatamente após receber o CD das mãos de Chico Bruce. Deus le volt entrou sorrateira e misteriosa, relutante em revelar o que viria a seguir. Às primeiras notas de Spread Your Fire eu estava certo de que estava diante de um clássico. O ritmo convulsivo, as guitarras em êxtase e o vocal agressivo de Edu em uma produção detalhista dão o tom. Um refrão inspiradíssimo em que o frontman e um coral duelam em uma melodia fantástica.
Angels and Demons vem com um ritmo diferente, guitarras e bateria bem sincronizados. A canção mantém o pique e abre-alas para Waiting Silence. Eu sinceramente não consigo qualificar essa música em palavras. Um início emocionante e poderoso, as guitarras definitivamente dão um show nessa música, que tem um refrão muito harmonioso e um bridge marcante. É emocionante do começo ao fim, se não é a melhor música que conheço, sem dúvida é uma delas...
A música de trabalho Wishing Well vem pra quebrar o ritmo. É uma boa balada, bem escrita e cantada por Edu. The temple of hate, apesar de ser a preferida pela maioria dos fãs, é só legalzinha pra mim. The Shadow Hunter tem a cara de um clássico. Com todo seu estilo progressivo, os vocais supreendentes de Edu, que explora as extremidades de sua tecitura vocal, sem dúvida é uma música épica, que explora vários ritmos musicais.
No Pain for the Dead é só uma boa balada com a também boa participação de Sabine Edelsbacher em um dueto muito legal com Falaschi. Winds of Destination tem a participação de ninguém menos que Hansi Kursch, que é o cara! E tem uma das estrofes mais legais que já vi no final. Simplesmente demais, música longa e magnífica com um final também emocionante.
Sprouts of Time é mais uma daquelas com muita influência de música brasileira, não chega a se destacar. Morning Star é bem legal, com um trabalho de percussão muito bem feito e várias influências musicais, e acaba bem legal tbm.
E quando já estamos mais do que satisfeitos com músicas e participações, o Angra apresenta Late Redemption. Um dueto em inglês, cantado por Eduardo Falaschi e português cantado por ninguém menos que Milton Nascimento. Sensacional!! É de se pensar, "de onde que os caras tiraram isso?". Como se não bastasse, é uma das músicas mais tr00l feeling que eu conheço. Uma das reflexões mais legítimas sobre vida e morte que já ouvi.
Gate XIII é o resumo final, que apresenta trechos de todas as melodias com arranjo de música clássica. Após a morte do protagonista na música anterior creio que Bittencourt usou esta instrumental pra demonstrar sua crença no ciclo da vida e como nada acaba, só recomeça. Reencarnação?? Pode ser, cada um vê como acha melhor. Talvez depois eu fale mais só sobre esse lado mais filosófico.
Eu disse que as resenhas seriam curtas né? Pois é, mas não dá. Esse álbum está gravado na história do metal e da música em geral. É uma obra-prima, pra colocar moldura, um vidro inquebrável e deixar na parede para o resto da vida e não esquecer jamais. Obrigado Angra!
Clássico!! Clássico!! Clássico!! Waiting Silence
"Old leaves will be falling
Old trees will remain
Whilrwind carries you away
For tomorrow be the same"
(Winds of Destination)
Poucos de bom-senso duvidam da qualidade musical dessa banda, que demonstrou desde cedo que tinha músicos e compositores diferenciados. E não somente pela fórmula "música brasileira + heavy metal", mas pela forma como fazem música, que demonstrou que era sim possível fazer um heavy metal muito bom tecnicamente, empolgante e que tivesse influências de música erudita e nacional.
Em 2004, após o estrondoso sucesso de Rebirth (2001) a nova formação não precisava provar nada pra ninguém. Com experiência e vontade de sobra estava tudo preparado para um grande trabalho. Una-se a isso a vontade de nosso amigo Rafael Bittencourt em empreender sua cruzada filosófica. O resultado é um álbum conceitual repleto de tudo o que o heavy metal é capaz de produzir de melhor.
Lembro-me que minha primeira audição foi imediatamente após receber o CD das mãos de Chico Bruce. Deus le volt entrou sorrateira e misteriosa, relutante em revelar o que viria a seguir. Às primeiras notas de Spread Your Fire eu estava certo de que estava diante de um clássico. O ritmo convulsivo, as guitarras em êxtase e o vocal agressivo de Edu em uma produção detalhista dão o tom. Um refrão inspiradíssimo em que o frontman e um coral duelam em uma melodia fantástica.
Angels and Demons vem com um ritmo diferente, guitarras e bateria bem sincronizados. A canção mantém o pique e abre-alas para Waiting Silence. Eu sinceramente não consigo qualificar essa música em palavras. Um início emocionante e poderoso, as guitarras definitivamente dão um show nessa música, que tem um refrão muito harmonioso e um bridge marcante. É emocionante do começo ao fim, se não é a melhor música que conheço, sem dúvida é uma delas...
A música de trabalho Wishing Well vem pra quebrar o ritmo. É uma boa balada, bem escrita e cantada por Edu. The temple of hate, apesar de ser a preferida pela maioria dos fãs, é só legalzinha pra mim. The Shadow Hunter tem a cara de um clássico. Com todo seu estilo progressivo, os vocais supreendentes de Edu, que explora as extremidades de sua tecitura vocal, sem dúvida é uma música épica, que explora vários ritmos musicais.
No Pain for the Dead é só uma boa balada com a também boa participação de Sabine Edelsbacher em um dueto muito legal com Falaschi. Winds of Destination tem a participação de ninguém menos que Hansi Kursch, que é o cara! E tem uma das estrofes mais legais que já vi no final. Simplesmente demais, música longa e magnífica com um final também emocionante.
Sprouts of Time é mais uma daquelas com muita influência de música brasileira, não chega a se destacar. Morning Star é bem legal, com um trabalho de percussão muito bem feito e várias influências musicais, e acaba bem legal tbm.
E quando já estamos mais do que satisfeitos com músicas e participações, o Angra apresenta Late Redemption. Um dueto em inglês, cantado por Eduardo Falaschi e português cantado por ninguém menos que Milton Nascimento. Sensacional!! É de se pensar, "de onde que os caras tiraram isso?". Como se não bastasse, é uma das músicas mais tr00l feeling que eu conheço. Uma das reflexões mais legítimas sobre vida e morte que já ouvi.
Gate XIII é o resumo final, que apresenta trechos de todas as melodias com arranjo de música clássica. Após a morte do protagonista na música anterior creio que Bittencourt usou esta instrumental pra demonstrar sua crença no ciclo da vida e como nada acaba, só recomeça. Reencarnação?? Pode ser, cada um vê como acha melhor. Talvez depois eu fale mais só sobre esse lado mais filosófico.
Eu disse que as resenhas seriam curtas né? Pois é, mas não dá. Esse álbum está gravado na história do metal e da música em geral. É uma obra-prima, pra colocar moldura, um vidro inquebrável e deixar na parede para o resto da vida e não esquecer jamais. Obrigado Angra!
Clássico!! Clássico!! Clássico!! Waiting Silence
"Old leaves will be falling
Old trees will remain
Whilrwind carries you away
For tomorrow be the same"
(Winds of Destination)
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